Resumo:
Nas últimas décadas, o setor automotivo foi submetido a duas tendências, ao mesmo tempo contínuas e contraditórias: de um lado, o movimento de especialização/concentração que tende a desintegrar o complexo automotivo e, de outro lado, uma competição pela inovação em que a integração das equipes de projeto tem sido um triunfo decisivo. Entre estas duas situações, experimentam-se situações nas quais se aliam competição e cooperação. O objetivo deste artigo é caracterizar a dinâmica das relações entre fabricantes automotivos e fornecedores em projetos de inovação. Isso nos conduzirá inicialmente a um modelo de co-inovação ideal-típico, explicitando, por sua vez, as diferenças com o modelo de co-desenvolvimento. Em seguida, apresentaremos um quadro analítico permitindo analisar empiricamente os processos de co-inovação e de avaliar seus desempenhos. Uma vez estabelecido este referencial, nós aplicaremos este quadro de análise nos dois percursos correspondente à mesma inovação desenvolvida por um construtor europeu (EASYCAR). A confrontação do caso com o dispositivo analítico permitirá explicitar as características da dinâmica de co-inovação e seus perfis de desempenho associados. Uma inferência sobre as oportunidades e desafios que esta mudança apresenta no contexto brasileiro será analisada também.