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::: Blog MPM

Projetos Públicos, Aspectos Culturais e a Copa do Mundo de 2014

12 06 2014

Como não poderia deixar de ser, o assunto é Copa do Mundo de 2014. Em meio a tantas críticas, eu gostaria de fazer algumas reflexões sobre a gestão de projetos dentro do Poder Público. Convido os amigos leitores a deixarem seus comentários, de modo que possamos enriquecer ainda mais a discussão.

Estudos apontam que os estádios da Copa do Mundo de 2014 são os mais caros da história.

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Figura 1 – Tabela comparativa de custo por assento em estádios (Fonte: www.brasil-economia-governo.org.br)

Vejam também:

  • http://www.portal2014.org.br/andamento-obras/
  • http://www.copa2014.gov.br/pt-br/tags/andamento-das-obras

Dadas todas as evidências, os projetos da Copa do Mundo de 2014, não apenas os estádios, estão bem longe de serem um sucesso. A situação dos aeroportos, por exemplo, não é das melhores.

Mas de que adiatam tantos protestos se as pessoas não

lembram em quem votaram nas últimas eleições?

A triste realidade é que gerenciar projetos no Brasil não é nada fácil. Gerenciar projetos públicos é mais difícil ainda. Aspectos culturais e estruturais criam tantos entraves que seria uma surpresa se os projetos da Copa do Mundo de 2014 tivessem sido um sucesso.

A começar pelos entraves burocráticos, a legislação brasileira, de um modo geral, chega a ser tão específica que paralisa e inviabiliza alguns projetos. Aquisições são uma grande dificuldade. A legislação brasileira foi tão detalhista no intuito de tentar prevenir ou diminuir a corrupção que acabou tendo o efeito contrário.

Quanto à corrupção no Poder Público, é preciso sempre lembrar que não existe corrupto sem corruptor.

A impressão é que temos dois tipos de pessoas no país: as pessoas que estão se beneficiando do governo e as pessoas que estão reclamando por não estarem se beneficiando do governo. Um dos maiores exemplos disso é o “Turismo Sem Fronteiras“. Pessoas que, em grande parte, tem boas condições financeiras, estudantes das melhores universidades públicas (que, provavelmente, estudaram em colégios particulares durante toda a vida), estão desvirtuando um programa que deveria formar novos cérebros no Brasil.

Eu me lembro quando começaram a falar do projeto do Trem Bala RJ – SP. Uma reportagem da Globo percorreu o provável trajeto desse trem. Ao longo do caminho, algumas pessoas compravam terrenos, outras construíam casebres para serem desapropriados. Imagine o grau de dificuldade (ou de impossibilidade) em um projeto como esse.

Essa idéia de criar “dificuldades” para poder vender “facilidades” é uma triste realidade nossa. A Lei de Gerson impera.

A nossa conclusão é que a gestão pública precisa continuar avançando e avançar muito mais. O gerenciamento de projetos público, sem falar do planejamento estratégico da gestão pública, deixam muito a desejar. E o que nós, brasileiros, podemos fazer quanto a isso?

Um primeiro passo pensar antes de votar. O segundo passo, mais difícil, é uma mudança cultural.

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Figura 2 – Sinceridade

Embora 72% dos brasileiros estejam insatisfeitos com o país, poucos estão dispostos a doar seu tempo e esforço para melhorar o país. Muito pelo contrário, vide ingressos falsos da Copa. Eu vejo vários colegas professores e profissionais de gerenciamento de projetos apontando os cases de fracasso nesta Copa do Mundo de 2014. Cheguei a ouvir comentários do tipo: “se gerentes de projetos certificados (PMP®) da iniciativa privada estivessem gerenciando os projetos da Copa de 2014, tudo teria ido melhor”. Será?

Da minha parte, o que eu posso fazer é doar o meu tempo. Se houver algum representante de governos municipais, estaduais ou federais que precisem de algum tipo de ajuda nas áreas de gestão de projetos e de planejamento estratégico, ficarei feliz em doar (sem ônus) parte do meu tempo, como já tenho feito em várias ocasiões. Basta entrarem em contato direto comigo. Imagino que outros profissionais também fazem e fariam o mesmo (vide Reconstrução do Espírito Santo). Temos tantos outros bons exemplos de gestão pública de qualidade, como o Banco Central.

Então, se você ainda está reclamando da Copa do Mundo de 2014, da falta de escolas e hospitais, adote uma postura mais proativa. Seja menos reativo, menos crítico. Não é o que o país pode fazer por você, mas o que você pode (e deve) fazer pelo país.

Finalmente, antes de encerrar, recomendo muito a leitura desta entrevista com a Margareth Carneiro, autora do livro Gestão Pública, leitura obrigatória para gestores públicos e privados.

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Figura 3 – Gestão Pública

 

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