“Planejazendo”
Por: Paulo Camargo.
Nas empresas de tecnologia em que trabalhei durante aproximadamente 10 anos da minha carreira, desde fornecedoras de equipamentos até prestadoras de serviços de Telecom, raros foram os momentos em que paramos como equipe para realmente planejar um projeto ou programa do início ao fim. Isto é, fazer um planejamento completo antes de iniciar a execução do projeto.
Na verdade, consigo contar em alguns dedos quantas vezes isso aconteceu: uma vez para ser bem exato.
Quando falo em planejar, não me refiro a fazer simplesmente um cronograma de entregas ou definição do escopo – isso era feito na maioria das vezes. Refiro-me à criação e atualização de um business case completo e bem feito, elaboração de fluxo de caixa e definição de benefícios, além da preparação de uma linha de base de performance para permitir a Análise de Valor Agregado ao longo dos projetos.
Tudo sempre foi para ontem, sempre “planejazendo”, sem se saber quanto o projeto iria custar. Ou seja, estávamos sempre planejando e executando. Não necessariamente estávamos executando o que planejávamos. No final do projeto, às vezes era difícil saber se havia sido realizado dentro do planejado.
Na prática, a situação era que haviam orçamentos definidos e precisávamos “encaixar” o projeto dentro das restrições de tempo. Como os orçamentos eram bastante rígidos, era natural termos diversas mudanças de escopo para realizar aquilo que era possível dentro da restrição tempo-custo.
Para minha surpresa, em projetos maiores que participei no Brasil, envolvendo contratos tipo EPCs, (Engineering, Procurement and Construction) a situação não foi muito diferente. Sofremos bastante com o “planejazendo”.
O que percebo é que quanto maior o projeto (orçamento) existe mais espaço para “adequação de escopo e orçamento” e, portanto, maior flexibilidade nesses quesitos.
Atualmente, tenho tido experiências bastante diferentes. Em um dos projetos que gerencio no Canadá, estamos na fase de refinamento do Business Case e Planejamento. Diferente de todos os outros projetos que já participei, essa fase tem duração de 14 meses e um orçamento considerável de perto de uma dezena de milhões de dólares. Estou adorando ter esse tempo todo para chegar a um ponto de decisão com um Business Case muito bem elaborado, analisando todos os riscos para o negócio e para o programa em si.
Seria ótimo se eu tivesse essa fase (claro que em menores proporções) em todos os projetos que gerenciei.
E você, tem tempo para planejar ou está sempre “planejazendo”?