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::: Blog MPM

Maturidade Tecnológica em Projetos

30 05 2012

Muitas das nossas organizações desenvolvem tecnologias para utilização nos seus produtos e serviços. Por se tratarem de projetos de inovação, é mais difícil definir o escopo e fazer as estimativas necessárias para o planejamento.

Poderíamos definir três conjuntos, ou níveis, de conhecimento:

  • Pesquisa básica – científica
  • Pesquisa aplicada – tecnologia
  • Engenharia – técnica
Níveis de maturidade
Níveis de maturidade

Para medir a maturidade de uma tecnologia, surgiu Technology Readiness Level, desenvolvido pela NASA e amplamente adotado pelo governo americano em seus projetos. São nove níveis de TRL.

Níveis de TRL
Níveis de TRL

Numa definição sucinta, Alberto Elfes do Jet Propulsion Lab diz:

“O TRL-1 é aquela ideia que tivemos conversando em um bar e rascunhamos no guardanapo. No outro extremo, o TRL-9 é o robô em Marte, feito para permanecer só 180 dias funcionando, mas que há sete anos continua trabalhando sem apresentar problemas. O TRL-3 é quando você pegou sua ideia do guardanapo e montou um mecanismo precário sobre a bancada do laboratório para provar que a ideia faz sentido. O TRL-6 é quando você venceu a etapa de pesquisa e desenvolvimento e já construiu um sistema autônomo de verdade, pronto para ser testado fora do laboratório, em campo, onde ele fica vulnerável às intempéries. Mas ainda está longe do TRL-9, que é quando o veículo poderia ser enviado para Titã, por exemplo. A Nasa estima que o itinerário de TRL-1 para TRL-6 corresponde a 10% dos custos de uma missão. Cerca de 90% do dinheiro é gasto para levar o equipamento de TRL-6 a TRL-9. Isso dá uma ideia de onde está o foco de atenção.”

(Fonte: Entrevista no Estadão, 05/03/2011)

Observa-se que o tempo e o esforço para mudar de um nível de maturidade tecnológica para outro depende da tecnologia em questão e apresenta evolução não-linear. Estudos da NASA mostram que a tentativa de aplicar tecnologias imaturas levou a problemas técnicos, de prazo e de custo durante o desenvolvimento dos sistemas.

O grande problema, na verdade, é subestimar o tamanho e complexidade do projeto devido ao desconhecimento dos níveis de TRL das tecnologias envolvidas, o que acarreta freqüentemente desvios de escopo, tempo e custo. Para identificar os níveis de TRL das tecnologias críticas nos projetos, a Defense and Acquisition University criou uma planilha chamada TRL Calculator que pode ser baixada gratuitamente.

Como exemplo de aplicação, na figura abaixo temos um overview da TRL no programa de pesquisas nucleares do Reino Unido.

Programa de pesquisa nuclear do Reino Unido (Fonte: http://www.publications.parliament.uk/pa/ld201012/ldselect/ldsctech/221/22105.htm)
Programa de pesquisa nuclear do Reino Unido (Fonte: http://www.publications.parliament.uk/pa/ld201012/ldselect/ldsctech/221/22105.htm)

Num trabalho brasileiro, demonstra-se a utilização da TRL e da planilha TRL Calculator para sistemas aeroespaciais (Pantoja, 2008).

Mas, para que vou me preocupar com TRL se não trabalho nem com pesquisa básica nem com sistemas tecnológicos da NASA? A TRL permite medir ou dimensionar a complexidade do projeto com base no nível de maturidade das tecnologias envolvidas, podendo ser aplicado a qualquer tipo de tecnologia. Em projetos de software, por exemplo, teríamos:

TRL aplicada a software
TRL aplicada a software

Na próxima semana, falaremos de riscos! Até lá.

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