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::: Blog MPM

Aplicação de Atividades Hammock em Cronogramas

10 08 2014

 


A Definição de hammock no Glossário do Practice Standard of Scheduling do PMI, versão 2 é:

  • hammock activity. An activity whose duration is aggregated by logical relationships from a group of related activities within the schedule model”
  • (Um atividade cuja duração é agregada por relacionamentos lógicos de um grupo de atividades relacionadas dentro do modelo do cronograma)

O seu comportamento é similar ao de uma “Tarefa-Sumário” ou “Fase” em um cronograma, mas ela não descreve um pacote de trabalho e pode ser composta por atividades oriundas de diferentes pacotes de trabalho de um projeto.

 


Esta postagem utiliza como fonte os exercícios sobre o assunto criados em www.gestaodeprojetos.com.br/exercicios-hammock/

 

Cronograma Inicial

  • Para o desenvolvimento desta postagem, as Atividades A, B e C representam 3 conjuntos distintos de atividades, que podem definir fases de um projeto qualquer.
  • Para um projeto de software:
    • A = Análise;
    • B = Desenvolvimento;
    • C = Implementação no cliente.
  • Para um projeto de fornecimento de equipamentos:
    • A = Engenharia sob encomenda;
    • B = Fabricação;
    • C = Fornecimento.
081014_1627_ExercciosHa1.png

Figura 1: 3 conjunto de atividades, com o uso de calendário em dias corridos



  • Como resultado deste Diagrama de Redes, temos o Cronograma a seguir.
081014_1625_ExercciosHa2.png

Figura 2: Cronograma do Projeto, com um total de 30 dias


Aplicações para Hammocks.

  • As atividades hammock são úteis para a identificação de durações que são derivadas de uma lógica presente em outras atividades. Alguns exemplos de atividades em projetos que podem se beneficiar deste tipo de atividade são – por exemplo – atividades administrativas, de canteiro de obra, de período de suprimentos, entre outras.
  • Exemplos:
    • Para um projeto de software, uma atividade “Gestão de Recursos de Fábrica de Software”  é atrelada as Atividades A e B e define assim os custos fixos do projeto e os recursos aplicados no projeto antes de ser implementado no cliente. Se houver atrasos durante a Análise ou Desenvolvimento do software, a atividade “Gestão de Recursos” será ampliada o mesmo número de dias.
    • Para um projeto de fabricação, a atividade “Reuniões periódicas de Análise de Projeto” são definidas com um calendário semanal e atreladas as Atividades A e B. Qualquer alteração no número de dias em uma destas duas atividades irá provocar a ampliação do período de reuniões periódicas e por consequência o número de eventos no calendário semanal.
hammock01

Figura 3.  Uma hammock dependente de A e B

  • Uma das diferenças de uma hammock e o uso de uma “Tarefa-Sumário” ou “Fase” é que a hammock pode ser criada a partir da relação de atividades distribuídas em todo o projeto, mesmo que pertençam a diferentes pacotes de trabalho.  A hammock também permite que se apliquem recursos específicos à atividade e que serão influenciados por variações no planejamento em toda a rede de atividades que estiver vinculada a ela.

Hammock e a preservação do Caminho Crítico Completo de um Projeto

Um objetivo “oculto” da minha postagem é o de ampliar a discussão sobre o que de fato é o Caminho Crítico em um projeto, tendo em vista que há muitos anos encontro uma divergência fundamental entre grupos de gestores de projeto e planejadores que interpretam esta importante definição de projeto de forma completamente diferentes.

O termo Caminho Crítico foi amplamente divulgado  através da aplicação do Método do Caminho Crítico, embora o termo “caminho crítico” tivesse sido batizado anteriormente por outra técnica que não tem uma aplicação tão ampla como o CPM: O método PERT, cuja aplicação não será discutida aqui.

O mesmo termo passou a ser ampliado com o tempo, em especial com o entendimento sobre o impacto do uso de recursos em projetos. Temos assim o “Caminho Crítico alterado por recursos” (PMBOK, 4a edição); a “Corrente Crítica”  (Goldratt) e o Caminho Crítico de Recursos (RCP – Resource Critical Path).

Em sua concepção original, o termo “Caminho Crítico” passou a ser sinônimo de “conjunto de atividades críticas em um projeto”, definidas pelo “cálculo da folga total” e tendo como principais características:

  • Ser composto por atividades de folga total igual a zero;
  • Ser caracterizado pela máxima “o atraso em uma atividade crítica corresponde a um atraso correspondente no projeto”.

No entanto, hoje já se compreende que há uma série de possibilidades de alteração do caminho como habitualmente é contabilizado pelo Método do Caminho Crítico, de forma com que o Caminho Crítico passa a ser “o Caminho Mais Longo de um projeto, definindo assim a duração mais curta possível do projeto, sendo caracterizado por um conjunto de atividades de “MENOR” folga.

O entendimento de que pode existir folga em atividades do caminho crítico é exposto no Guia PMBOK em sua 5a edição; no Practice Standard of Scheduling em sua segunda edição; no Manual de Referência de Cronogramas da NASA e diversas outras publicações mais atuais.

Nasa - Reference Card: http://spiderproject.com.br/nasa_caminhocritico/www.nasa.gov/pdf/420297main_NASA-SP-2010-3403.pdf

Figura 4. Nasa – Reference Card: http://spiderproject.com.br/nasa_caminhocritico/www.nasa.gov/pdf/420297main_NASA-SP-2010-3403.pdf

A posição que defendo, embora com contínuas críticas de uma parcela da comunidade de planejadores e gestores, tem como principais características:

1) A definição de Caminho Crítico em função da folga de atividades é importante para se identificar parte do Caminho Crítico de um projeto;

2) A definição de Caminho Crítico em função da folga de recursos é importante para se identificar outra parte deste caminho, referente as alterações do Caminho Crítico da tarefa em função da aplicação de recursos;

3) Todo projeto tem sempre um Caminho Crítico que inicia no primeiro dia e termina no último dia do projeto, composto por um ou mais caminhos críticos identificados pelos CPM ou RCP e também por certas atividades que não podem ser identificadas pela contagem da folga pelos respectivos métodos. Este conjunto é então identificado pela sequência de atividades de menor folga.

4) Uma atividade crítica não é necessariamente àquela que tem folga zero e não é a soma de atividades de folga zero que definem o Caminho Crítico, mas sim o oposto: Diz-se que uma atividade é crítica se ela pertencer ao Caminho Crítico do Projeto.

Outras definições, exemplos e explicações sobre meu posicionamento podem ser encontrados em: www.gestaodeprojetos.com.br/tag/caminho-critico/


Exemplo Prático – Caminho Crítico do Projeto com folga.

1) O Caminho Crítico do Projeto para o exemplo deste POST é definido por todas as suas atividades;

2) O Caminho Crítico calculado tem um total de 30 dias e todas as atividades neste exemplo tem folga inicial igual a zero;

3) O Caminho Mais Longo do Projeto é – portanto – definido por A + B + C.

E se temos uma restrição externa imposta ao projeto? Faz realmente sentido que o Caminho Crítico deixe de ser o caminho mais longo?

Supondo uma necessidade do cliente final que obrigue a equipe de projeto a atrasar o início da atividade C:

  1. Para um projeto de software, o cliente pode impor uma data certa para a implantação do software. Esta data pode ser posterior à data prevista no cronograma pela lógica do próprio projeto.
  2. Para um projeto de fornecimento de equipamentos, a disponibilidade de um local físico para receber os equipamentos manufaturados pode impor um deslocamento da data prevista no cronograma.

Exemplo Prático – Data imposta pelo cliente altera a atividade C para que não possa a acontecer antes de 30/08/2014.

  • Cronograma alterado
Figura 5. Caminho Crítico Alterado

Figura 5. Caminho Crítico Alterado

  • Observações:
  1. A restrição de data externa imposta pelo cliente estabelece  um “Caminho Crítico Partido” somente entre: Restrição > C > FIM
  2. Em A > B temos parte do Caminho Crítico Original, mas a restrição externa do cliente representa uma “folga” entre o término de B e início de C;
Figura 6. o Caminho Crítico permanece o mesmo

Figura 6. o Caminho Crítico permanece o mesmo

Resultados encontrados

Apesar da imposição de uma data externa em função de uma necessidade do projeto, o cronograma original continua sendo composto exclusivamente pelas atividades A, B e C e estas, por consequência, continuam expressando o “Caminho Mais Longo do Projeto e o caminho que expressa a menor duração possível do Projeto”.

Assim, embora pelo cálculo previsto pelo Método do Caminho Crítico a única atividade com folga total igual a zero ser a  Atividade C, o Caminho Crítico do Projeto é a soma de dois caminhos existentes neste projeto modificado:

  1. Caminho 1: Início > Atividade A  > Atividade B > Restrição Externa;
  2. Caminho 2: Restrição Externa > Atividade C > Fim.

Em (1), a diferença de datas entre a Restrição Externa e a Atividade B define que o Caminho 1 possui uma folga total de 10 dias.

Em (2), a aplicação do cálculo pelo Método do Caminho Crítico irá identificar que C tem uma folga total igual a zero.

Cronogramas comparados

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Figura 7. Cronograma alterado comparado ao cronograma original

A marca em laranja identifica a alteração de datas da Atividade C, que foi postergada para depois da restrição externa. O novo cronograma agora possui uma duração total de 40 dias, embora a duração efetiva das atividades permaneça com 30 dias.

Aplicação de Data Limite

Partindo da premissa de que o projeto é exatamente o mesmo e que o Caminho Crítico do Projeto permanece inalterado, pode ser muito útil para a equipe de projeto fixar uma data limite para a realização das atividades A e B. Assim, independente da necessidade do cliente, a equipe deverá perseguir as datas originais previstas no cronograma original.

  • Uma data limite em B irá “recuperar” a representação de que A > B fazem parte do Caminho Crítico;
  • Assim, junto da restrição externa aplicada à Atividade C para identificar uma necessidade de cumprimento de datas para o cliente, colocamos uma data de restrição (data limite) para a Atividade B, identificando a necessidade de cumprimento de datas para o próprio projeto.
Figura 7. Inclusão de Data Limite no projeto para as atividades iniciais que estão com folga.

Figura 7. Inclusão de Data Limite no projeto para as atividades iniciais que estão com folga.

Resultados encontrados

Com a inclusão da data limite, estamos evidenciando à necessidade de considerarmos todas as atividades do cronograma original como “atividades críticas”, anulando assim a folga entre os dias 21 e 30 produzida pela inclusão de uma restrição externa pelo cliente.

Caminho Crítico do Projeto

  1. Considerando a definição de que o Caminho Crítico do Projeto é a união de diferentes caminhos críticos necessários e que sempre começa no primeiro dia do projeto e termina no último dia, temos um “Gap/Lacuna” entre os dias 21/08/2014 e 30/08/2014.
  2. O uso de uma hammock ligando as atividades B e C permite:
    1. Explicitar o Caminho Crítico Completo do Projeto;
    2. Demonstrar que há uma flexibilização de prazo entre B e C (folga).

No Diagrama de Redes 

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Figura 8. Diagrama de Redes com a inclusão da hammock para controle da folga do projeto.

Resultado no Cronograma

Figura 9. Cronograma com a Hammock identificando parte do Caminho Crítico

Figura 9. Cronograma com a Hammock identificando parte do Caminho Crítico

Considerações gerais

O uso da hammock estabelecendo um relacionamento entre um conjunto de atividades do caminho crítico original que passaram a ter “folga total” em decorrência da aplicação de restrições externas demonstra que todo projeto deve sempre possuir um “Caminho Mais Longo que determina a menor duração possível do projeto”, independente da técnica adotada.

Esta hammock criada no exemplo configura – portanto – um pulmão/reserva de projeto que pode ser utilizada para identificar a quantidade de dias que as primeiras atividades de projeto poderão atrasar sem um impacto direto no prazo total do projeto.

Se fosse colocada uma atividade do tipo “duração” entre B e C para expressar o período de folga, qualquer atraso nas atividades A e B iriam ocasionar um atraso desta nova atividade e – por consequência – do projeto como um todo. A hammock permite visualizarmos corretamente o Caminho Crítico sem causar danos ao cálculo geral do projeto, tendo em vista que a hammock é sempre o resultado da lógica das atividades a ela relacionada, ampliando ou reduzindo o pulmão do projeto como consequência de antecipações ou atrasos em A ou B.


 

Hammock (resumo)

  • Hammocks são atividades de aplicação especial cujo comportamento é o de sofrerem alteração de duração em função do relacionamento com outras atividades.
  • A duração da hammock é – portanto – calculada pelo software em função de uma (ou mais) atividades que determinam o início da hammock e uma (ou mais) atividades que determinam o final da hammock.
  • Se existir antecipação das atividades que determinam o início da hammock, ela será antecipada proporcionalmente.
  • Se existir postergação das atividades que determinam o início da hammock, ela será postergada proporcionalmente.
  • Se existir antecipação das atividades que determinam o término da hammock, ela será reduzida em sua duração, proporcionalmente.
  • Se existir antecipação das atividades que determinam o término da hammock, ela será aumentada em sua duração, proporcionalmente.

Escreva para petersmello@gmail.com


 

 

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