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Competências em Gestão de Projetos – IPMA Competency Baseline

09 07 2014

No post anterior, trouxemos a tona a discussão sobre o tema liderança e gestão de pessoas, assuntos que já foram alvo outros posts no Blog MundoPM. Sabemos que as habilidades interpessoais (soft skills) são um grande diferencial para os profissionais, não apenas na gestão de projetos. Daniel Goleman, em seu livro Working With Emotional Intelligence, descreve e destaca a importância dessas habilidades.

Não é que as habilidades interpessoais e a inteligência emocional sejam mais importantes do que o conhecimento técnico e a experiência (hard skills). Acontece que o tradicional QI (Quociente de Inteligência), sólidos conhecimentos técnicos e grande experiência profissional são pré-requisitos. Isto é, quando estamos falando de top performers, profissionais acima da média, todos eles se formaram em universidades de ponta, dominam conhecimentos técnicos e tecnológicos, falam mais de uma língua, dispõem de larga experiência profissional etc. Portanto, ter um currículo excelente é um pré-requisito para alçar vôos maiores, segundo Goleman.

Neste elevado nível de competência, habilidades e experiência, a inteligência emocional e a inteligência social são enormes vantagens competitivas. Goleman explica que os testes tradicionais (testes de QI, provas, vestibulares, SAT, certificações, exames etc) são o filtro objetivo para os top performers. Porém, os testes para habilidades interpessoais, como testes de personalidade e outros, não fazem parte da vida profissional e do currículo da maioria de nós.

Portanto, se você que avançar na sua carreira, primeiro dedique tempo e esforço suficiente para o desenvolvimento de suas hard skills (conhecimentos técnicos e experiência, sem os quais você não conseguirá avançar muito longe em nenhuma carreira. Em segundo lugar, dedique tempo para o auto-conhecimento e o auto-desenvolvimento, que trazem um grande diferencial competitivo para você.

Voltando às competências em gestão de projetos, neste post discutiremos o referencial de competências do IPMA (International Project Management Association). No próximo post, apresentaremos o framework de competências do PMI®.

Façam o download em ICB – IPMA Competency Baseline.pdf e Referencial Nacional de Competências do IPMA-BR.pdf

De acordo com o ICB, competência é resultante da combinação entre comportamento, habilidades, experiência e conhecimento. Neste sentido, o “olho das competências” foi dividido em competências técnicas, contextuais e comportamentais, descritas na figura a seguir.

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Figura 1 – Olho das competências (IPMABrasil.org)

Do ponto de vista das competências técnicas, o profissional de gerenciamento de projetos deve dominar as áreas de conhecimento envolvidas na gestão de projetos, bem como métodos, ferramentas e técnicas. O referencial de competências do IPMA destaca dois temas de extrema importância, muitas vezes negligenciadas nos projetos: Sucesso em Gerenciamento de Projetos e Partes Interessadas. Podemos vincular esses temas aos Objetivos e Requisitos do Projeto, sempre voltados à geração de benefícios e valor. A seguir, temos tradicionais áreas de comunicação, qualidade, escopo, tempo, custo, aquisições, riscos e recursos humanos (equipe). As fases, organização e estruturas de projeto, também devem ser dominadas pelo gestor de projetos.

Do ponto de vista das competências contextuais, o referencial de competências do IPMA é inovador e bastante completo. O profissional de gerenciamento de projetos precisa compreender o contexto em que seu projeto opera. Neste conjunto de competências, o gestor de projetos deve dominar temas como gestão de portfólio, de programas e de recursos, aspectos legais, ambientais e de saúde, modelo de negócios, finanças e operação da empresa.

Como eu sempre digo, todo projeto ocorre dentro de um contexto. Desconhecer ou ignorar esse contexto pode ser fatal. Já observou que alguns gerentes de projetos tem sucesso, enquanto outros fracassam tendo exatamente as mesmas condições (mesma empresa, mesmos recursos, projetos similares etc)? Por que isso acontece?

Projeto é uma perturbação no ambiente normal de operações da empresa.

Pela sua própria característica de ser temporário e produzir um resultado único, o projeto é uma perturbação no dia-a-dia da empresa. Imagine uma fábrica de plásticos. Seu objetivo de negócio é produzir e vender, sempre buscando reduzir seus custos e aumentar suas receitas. De repente, você é nomeado gerente do projeto de substituição dos equipamentos de aglutinação e extrusão, que constituem boa parte do coração da fábrica. Seu projeto vai parar a fábrica! Vai atrapalhar a produção… vai criar novos processos e procedimento e por aí vai. Portanto, tenha muito cuidado em identificar seus stakeholders (diretor da fábrica, gerente de produção etc) e mapear muito bem as expectativas. Invista tempo em compreender o contexto do seu projeto. Será que é melhor optarmos pela solução A ou B?

Solução A: vai trazer um ganho de produtividade de 20%, além de permitir flexibilidade para confeccionar novos produtos; exige 15 dias de parada total de fábrica e possui riscos de integração, não permite voltar à configuração original.

Solução B: vai trazer um ganho de produtividade de 15% sem adicionar a flexibilidade para confeccionar novos produtos; pode ser feita em paralelo com a configuração original dos processos da fábrica, mantendo os equipamentos atuais; exige uma parada total da fábrica de 48h; os riscos são baixos e há a opção de reverter para o uso dos equipamentos atuais.

Qual será a melhor solução? Depende do contexto do projeto! Depende de seus stakeholders e expectativas. Imagine que a fábrica não tem planos de adicionar novos produtos. Vamos calcular um custo de hora parada em torno de R$100mil. Isso significa que a solução A é R$31.200.000,00 mais cara que a solução B, considerando apenas a parada da fábrica… Além disso, os riscos… Por outro lado, imagine que a fábrica tem planos de adicionar uma nova linha de produtos com maior valor agregado. Suponhamos que a solução A resulte em R$3.600.000,00 em aumento de produtividade mensal e ainda produza um aumento de receita da ordem de R$4.200.000,00/mês com novos produtos. Aí vale a pena parar a fábrica 15 dias!

Obviamente, devemos considerar outros fatores, que não apenas os econômicos. Considerações ambientais, legais, trabalhistas, de negócios, estratégia organizacional e outras devem ser levadas em conta. Foi apenas um exemplo simplificado.

Finalmente, vamos às competências comportamentais apontadas no Referencial de Competências do IPMA. Essas competências refletem basicamente as principais habilidades interpessoais, tais como liderança, inteligência emocional e inteligência social. Sobre esses temas, coloquei várias referências no início deste post e links para outros posts. Além disso, recomendo fortemente que você faça um teste de personalidade, como MBTI, DISC e outros…

Visitem o site do IPMA Brasil (www.ipmabrasil.org) e conheçam mais. Associem-se ao IPMA, pois se trata de uma organização mundialmente reconhecida em gerenciamento de projetos. Outra dica que eu já dei em outros posts é se associar a várias organizações (PMI®, IPMA, APMG). Quanto maior for a sua rede de contatos e quanto maior for o seu domínio em diferentes métodos, metodologias e frameworks de gestão de projetos, melhor preparado você estará para os desafios profissionais! Seja proficiente em várias “línguas” de gestão de projetos, como o Guia PMBOK® e PRINCE2™, por exemplo. Busque sempre novos conhecimentos.

No próximo post, apresentaremos o framework de competências do PMI®. Não percam!

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