Aplicando CORRENTE CRÍTICA
No post anterior, apresentamos o Método da Corrente Crítica (CCPM). Conforme vimos, trata-se da aplicação dos conceitos da Teoria das Restrições (TOC) ao gerenciamento de projetos. Alguns dos objetivos do CCPM são:
- Redução de multitarefas, sincronizando a execução do caminho crítico com a disponibilidade de recursos;
- Gerenciar de modo eficiente o uso dos recursos e o seu compartilhamento entre projetos;
- Buscar o Ótimo-Global, eliminando eficiências locais; e,
- Balancear o fluxo de trabalho do projeto.
Embora alguns pesquisadores apontem que a aplicação do método CCPM reduz prazos e custos em 30% ou mais (Mabin e Balderstone, 2003), o método CCPM não é amplamente utilizado nas organizações. Será por causa da sua complexidade e dificuldade de utilização? Definitivamente, não. Como vimos no post anterior, trata-se de um método bastante simples e objetivo. A grande dificuldade é que o CCPM não é apenas uma solução técnica. Sua implantação envolve mudança na cultura de gerenciamento de projetos.
Afinal, por que colocamos tanta segurança (gordurinhas) nas tarefas? Simples. Não queremos ser penalizados quando atrasamos uma tarefa. Usando CCPM, os membros da equipe do projeto tem 50% de chance de atrasar suas tarefas, ou seja, muitos vão atrasar. O que importa é o resultado global (terminar o projeto). Independente de quais tarefas forem adiantadas ou atrasadas, o importante é que toda a equipe tenha sua avaliação atrelada ao desempenho total do projeto. Para isso,
- Evitar procrastinação (Lei de Parkinson / Síndrome do Estudante): reduzir a duração das tarefas pela metade, resultando em 50% de chance de sucesso;
- Evitar multitarefa: recursos dedicados e comprometidos (não sobrecarregados); e,
- Manter o foco: iniciar as tarefas o mais tarde possível, fazendo uma de cada vez.
A seguir, temos mais um exemplo de corrente crítica.
Figura 1 – Cronograma inicial
Figura 2 – Redução das durações (50% do valor inicial)
Figura 3 – Adicionar buffer do projeto e feeding buffers (verde)
A duração total do projeto diminuiu em 25%. Lembrando que a duração desejada é 50%, sendo 25% uma proteção para eventualidades.
Em resumo, esse é o Método da Corrente Crítica. Outras variáveis precisariam ser consideradas, como as restrições nos recursos, recursos compartilhados, análises e simulações do cronograma. A ideia desses posts foi apenas esclarecer um pouco da Corrente Crítica para quem nunca ouviu falar. Neste link, está disponível uma dissertação de mestrado da USP sobre a utilização da Corrente Crítica nos projetos da EMBRAER, que é um case de sucesso na utilização de CCPM (veja artigo da MundoPM aqui). E neste outro link, está disponível uma excelente apresentação sobre Corrente Crítica do Prof Renato Branco.
Na próxima semana, vamos falar sobre projetos de inovação e desenvolvimento de produtos. Será que podem ser gerenciados da mesma maneira que projetos mais previsíveis? Não percam!