Guia PMBOK 5a edição – Stakeholders e Valor Empresarial
Na semana passada, conversamos um pouco sobre o draft da 5a edição Guia PMBOK, já está disponível para revisão no site do PMI.
Nesta nova edição, continuamos a ter os cinco tradicionais grupos de processos: Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle, Encerramento. Porém, houve a adição de 5 novos processos, uma nova área do conhecimento (Stakeholders) e a reorganização de processos existentes.
- Os processos “10.1 Identificar Partes Interessadas” e “10.3 Gerenciar Expectativas das Partes Interessadas” saíram da área de Comunicação para a nova área Partes Interessadas (13.1 e 13.3)
- Foram introduzidos cinco novos processos:
- 5.1 Planejar Gerenciamento do Escopo
- 6.1 Planejar Gerenciamento do Tempo
- 7.1 Planejar Gerenciamento do Custo
- 13.2 Planejar Gerenciamento das Partes Interessadas
- 13.4 Monitorar Engajamento das Partes Interessadas
Do ponto de vista dos processos, não houve grandes mudanças. Os processos de planejar gerenciamento do Escopo, do Tempo e do Custo já existiam na 3a edição e foram “reintegrados”. A novidade está na área de gerenciamento dos stakeholders.
Por que o gerenciamento dos stakeholders está ganhando tanta importância? Por um motivo óbvio, segundo Hartman (2000): o sucesso do projeto depende de stakeholders felizes.
Observou-se que os processos de comunicação possuíam uma característica muito informativa, pouco participativa. Isto é, uma vez identificados os stakeholders, no Guia PMBOK 4a edição, havia algum esforço em compreender suas necessidades e expectativas (muitas vezes ignoradas) e depois partíamos para o planejamento da comunicação.
As comunicações são planejadas, comumente, do ponto de vista do GP. É claro que um bom GP deve considerar as particularidades dos seus stakeholders. Mas, ainda assim, o que se costuma fazer é um plano de comunicações clássico: quem recebe qual informação quando e de qual forma (meio). Pode haver um responsável por essas comunicações e o GP passaria, supostamente, o projeto todo em contato com essas partes interessadas, que podem ser desde clientes e usuários até patrocinadores, fornecedores, equipe do projeto e outros.
Nos processos de Execução (Distribuir Informações) e Monitoramento e Controle (Reportar Desempenho), fica ainda mais evidente o caráter push das comunicações, ou seja, “empurramos” as informações que acreditamos ser necessárias e suficientes para os stakeholders, o que muitas vezes causa desmotivação e certamente não contribui para o engajamento deles.
Sim, existia o processo Gerenciar Expectativas das Partes Interessadas. Mas esse processo parece mais reativo do que proativo. Isto é, aguardamos os stakeholders reclamarem e então tomamos ações para resolver (gerenciamos as expectativas).
O que eu disse acima não é uma regra. Existem projetos em que o gerenciamento das comunicações e dos stakeholders é muito bem feito.
Portanto, a área do conhecimento Stakeholders surgiu para dar maior destaque à importância de envolver e engajar os stakeholders de forma que eles “participem” do projeto e das decisões (ownership). Há controvérsias sobre a necessidade de uma nova área ou se a adição dos novos processos dentro do gerenciamento das comunicações seria suficiente.
Por fim, outra novidade, muito bem lembrada pelo Prof. Farhad, é o “valor empresarial” (business value), ou valor para o negócio. Esse conceito é definido como o valor total da empresa, a soma de todos os ativos tangíveis e intangíveis.
A criação de valor empresarial depende da melhoria em gestão e operações, mas também dos projetos. Os projetos, programas e portfólios devem criar valor e, para isso, devem estar alinhados à estratégia organizacional. Cada projeto deve estar direcionado para a criação de valor empresarial e esta deve ser uma preocupação do GP e dos níveis acima dele, o que envolve gerenciamento de portfólio e os patrocinadores.
Na próxima semana, falaremos mais sobre o gerenciamento dos stakeholders. Até lá!