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Caminho Crítico Completo

28 04 2014

por Peter Mello

Em gestão de cronogramas, muito já ouvimos falar de um tal de Caminho Crítico que é determinado pela Folga Zero. Em geral, constitui-se de um conjunto de tarefas sinalizadas nas ferramentas com uma coloração avermelhada.

Esta definição, contudo, é fruto da aplicação de um método (o Método do Caminho Crítico ou CPM) cuja prática não é suficiente para definir o que é o Caminho Crítico em diversas outras situações encontradas em projetos.

Há muito mais sobre o Caminho Crítico que precisamos ver e este é um tema que já venho revisitando há mais de 10 anos, sempre em calorosas discussões!

Nos exemplos a seguir vamos reforçar o que há pouco se começou a chamar de “Caminho Crítico Completo” (CCC) e que atende a uma frase que há muito assopro pelos ventos: “O Caminho Crítico pode ter folga!

Vamos começar com um projeto básico:004_01

E estabelecer as primeiras convenções:

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Em cada atividade, utilizando os parênteses, vamos também estabelecer a Duração e o Recurso Necessário (Duração, Recurso), conforme o exemplo.

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Examinando assim nossa rede (Início – A – B – Fim), podemos dizer que este projeto, será realizado entre os dias 1 ao 20, com uma duração total de 20 dias.

Segundo o PMBOK®, “O caminho crítico é a sequência de atividades que representa o caminho mais longo de um projeto, que determina a menor duração possível de um projeto.”  [PMBOK 5a Edição, pag. 176]. Aplicando este conceito em nosso Projeto, temos então:

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Em outras palavras, podemos dizer que o Caminho Crítico com base ao conceito do Método do Caminho Crítico e o Caminho Crítico Completo são – neste caso –  idênticos.

No entanto, a aplicação de uma diagramação em redes das atividades não leva em consideração a influência de múltiplas dependências, restrições externas, nivelamento de recursos e outros fenômenos que podem alterar a localização de atividades “com Folga Zero”.

Se o projeto atual começa no dia 01 de Abril, com dias corridos, mas o Recurso (Y) estiver de férias até o dia 20 de Abril, já temos uma alteração significativa do Caminho Crítico Completo.

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O projeto agora inicia no dia 1 e é concluído no dia 30, ficando sem atividades previstas entre os dias 11 e 20, que pode ou não ser utilizado por x sem gerar novos atrasos ao projeto.

Considerando o método de identificação do Caminho Crítico em CPM, somente o marco final de projeto e a atividade B (que tem Folga Total igual a Zero) serão identificados como Caminho Crítico (técnica do passo-para-frente e passo-para-atrás).  Por não determinar toda a sequência entre o primeiro e último dia de projeto, muitos denominam este caso de “Caminho Crítico Partido”.

Ainda mantendo o que foi estabelecido no PMBOK® – existindo ou não um “tempo morto” ou uma “folga livre” entre a Atividade A e a Atividade B – precisamos definir o Caminho Crítico.  Neste caso, estamos então caracterizando o “Caminho Crítico Completo”.

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  • Caminho Crítico (CPM/Partido)    : 10 dias (do dia 21 ao dia 30);
  • Caminho Crítico Completo            : 30 dias (do dia 01 ao dia 30; com uma folga em A = 10 dias).

 

Corrente Crítica

Sem entrarmos em detalhes em relação ao “Método da Corrente Crítica”, podemos também destacar a diferença entre o Caminho Crítico (CPM) e o Caminho Crítico por Recursos (Caminho Crítico dos Recursos ou Corrente Crítica).

Um diagrama de redes devidamente distribuído no tempo e também alterado em função de restrições de recursos poderá gerar uma sequência distinta de atividades que compõem o Caminho Crítico Completo.

Aqui vale ressaltar que a identificação da “Corrente Crítica” é apenas uma de várias etapas do método de mesmo nome e que não precisamos necessariamente adotar o método de E. Goldratt para identificarmos a corrente crítica.

Por sinal, vale destacar que em vários países – desde a década de 60 – se buscavam alternativas para identificar a sequência de tarefas que levariam ao entendimento do menor tempo de um projeto mesmo quando fosse realizado um nivelamento de recursos. Décadas depois se concluiu que não há uma alternativa “matemática” como a encontrada no CPM para a rede em que os recursos são abundantes.

Esta rede “alterada por recursos” era conhecida – antes da publicação do método de Goldratt, como Resource Critical Path (Caminho Crítico por Recursos) e tem como uma das características de que também é identificado por aquelas atividades de “folga igual a zero”.

No entanto, “a folga zero” na Corrente Crítica é calculada não só para itens da rede lógica, mas também em função dos recursos. Assim, é a folga zero na “entidade recurso” que permite a identificação das atividades “vermelhas”, conforme veremos a partir do projeto seguinte:

Situação Original

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Ou ainda

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 Em qualquer uma das alternativas acima, existe uma “rede lógica” entre o Marco de Início e de Término que corresponde ao Caminho Crítico (A + B = 20 dias) e também um caminho “não-crítico” ou “com folga”.

Na definição padrão, se uma folga está disposta em um local onde um atraso não afeta a próxima atividade na rede, temos a “folga livre”. Se esta folga não atrasar a última data do projeto, temos a “folga total”.  Nas duas ilustrações acima, a folga total é sempre 3 dias (a ser compartilhada entre C e D) e a folga livre dependerá de como estiverem agendadas estas atividades entre si.

Cronograma nivelado por Recursos (Corrente Crítica)

No exemplo anterior há uma superalocação do Recurso X entre os dias 1 e 7 e uma superalocação  do recurso (Y) entre os dias 11 e 20.  É necessário então estabelecermos o retardo de algumas atividades até que os recursos estejam disponíveis.

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Neste caso, pelo cálculo de “Folga do Recurso”, as Atividades A, B e D representam a Corrente Crítica deste Projeto.  Pela mesma contagem, também temos o Caminho Crítico Completo.

  • Caminho Crítico (CPM/Partido)        : 10 dias (somente a Atividade D)
  • Corrente Crítica                               : 30 dias (Atividades A, B, D)
  • Caminho Crítico Completo               : 30 dias (idêntico a Corrente Crítica)

Pelo o que foi visto até agora, poderíamos inferir neste caso de que o “Caminho Crítico Completo” é a rede lógica composta pelas atividades do Caminho Crítico, somado as atividades da Corrente Crítica.

No entanto, nenhuma das duas técnicas irá resistir às situações em que
dependências externas ou certas limitações de aplicação de recurso sejam aplicadas!

Se repetirmos a mesma restrição do primeiro exemplo, onde o recurso (Y) está de férias até o dia 20, a solução deste pequeno cronograma então seria:

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Com este deslocamento,  tanto o Caminho Crítico CPM como também a Corrente Crítica ficam “partidas”, e o verdadeiro Caminho Crítico Completo tem agora 40 dias, como na ilustração a seguir.

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Resultados

  • Caminho Crítico (CPM/Partido)    : 10 dias (somente a Atividade D)
  • Corrente Crítica (Partida)             : 20 dias (Atividades B e D)
  • Caminho Crítico Completo      : 40 dias (Atividades A, C, B e D, com Folga Total de 3 dias em A e de 13 dias em C)

Em palestras que apresentei entre 2003 e 2013, eu sempre busquei diferenciar o Caminho Crítico de origem “CPM” do Caminho Crítico de Recursos e o Caminho Crítico do Projeto.

Agora que o termo “Complete Critical Path” está disponível em uma crescente literatura, a partir desta data estarei  substituindo a definição “Caminho Crítico do Projeto” pela promoção do termo  “Caminho Crítico Completo”, com a aplicação do acrônimo CCC que espero que comece a ser utilizado pela comunidade de planejadores para destacar o registro deste conceito sem a sua amarração histórica ao Método do Caminho Crítico e a famosa “folga zero”, que hoje reconhecemos que nem sempre é verdade.

Alguém não concorda que o CCC neste projeto não é de 40 dias?

Repita os exercícios!

  • Se desejar conferir a realização destas análises sobre o Caminho Crítico Completo, você poderá verificar o “Caminho Crítico por Recursos” no software Primavera ou Spider, mas no MS-Project só poderá identificar o “Caminho Crítico por Recurso”, caso tenha colocado um plug-in como este (link).
  • Tarefas:
    • ID 1 = Marco de Projeto, Início;
    • ID 2 = Atividade A, Recurso X, 10 dias, tendo 1 como predecessora;
    • ID 3 = Atividade B, Recurso Y, 10 dias, tendo 2 como predecessora;
    • ID 4 = Atividade C, Recurso X, 7 dias, tendo 1 como predecessora;
    • ID 5 = Atividade D, Recurso Y, 10 dias, tendo 4 como predecessora;
    • ID 6 = Marco de Projeto, Término.
  • Após a colocação dos recursos, utilize a funcionalidade de “Nivelamento de Cronograma com o uso de Recursos”

Referências:

  1. – PMBOK®, 5ª edição, em http://www.pmi.org
  2. http://www.pmknowledgecenter.com/dynamic_scheduling/baseline/critical-path-or-critical-chain-difference-caused-resources
  3. http://www.planningplanet.com/forums/planning-scheduling-programming-discussion/422099/cpm-critical-path-method
  4. http://www.br10.net/tag/rcp/
  5. – http://www.steelray.com/critical_path_features.php

 

Escreva para petersmello@gmail.com


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