A gestão de benefícios e a definição de sucesso em projetos
Em linhas gerais, um projeto não é realizado em função de suas entregas, mas em função dos benefícios esperados com estas entregas.
Ao impulsionarmos um trabalho em função da gestão de benefícios, poderíamos então responder questões como:
- Por que estamos realizando este projeto?
- Como iremos medir os benefícios?
- Este projeto é ainda válido?
- Os benefícios ainda são relevantes?
- Já definimos todos os benefícios que estávamos esperando?
- Quais os objetivos de negócio que este projeto nos ajudará conquistar?
Em uma visão simplista, precisamos definir o que é o sucesso em um projeto ainda durante sua concepção ou planejamento para podermos tomarmos decisões na evolução do projeto em função desta definição.
Este sucesso, é no mínimo, definido em relação a uma proporção pré-estabelecida entre os custos, o prazo e a entrega prevista de um projeto. Examinamos assim a tradicional tripla-restrição, mas introduzimos um elemento de correlação entre cada vértice.
Na comemoração dos 500 anos do Brasil, uma réplica da Caravela de Cabral custou aos cofres públicos mais de R$ 4.000.000,00 e não ficou pronta para o momento da festa. A entrega ocorreu com 5 meses de atraso e o benefício esperado foi nulo. Embora já considerada um exemplo de superfaturamento, para um projeto tão específico os seus realizadores deveriam manipular duas variáveis: alteração do escopo ou custo, sem no entanto modificar jamais a data de entrega.
No caso do lançamento de um ônibus espacial, devemos entender que o elemento característico do seu sucesso é a realização do produto em si; as variáveis de custo e prazo é que são flexíveis. Podemos facilmente desculpar um atraso no lançamento de um foguete em cinco meses, mas não podemos jamais aceitar a falha no seu lançamento e retorno à terra.
Se, por outro lado, estivermos considerando a construção de uma residência para permitir que uma família deixe o seu aluguel, podemos insistir que a manutenção do escopo contratado e o prazo são muito importantes, mas para muitas famílias o elemento fundamental será a manutenção do custo final da obra, amarrada ao orçamento doméstico.
Definição do elemento-chave de sucesso
Na representação dos triângulos acima não faz realmente diferença qual elemento está em cada lado das figuras. No lado inferior da ilustração, fixamos o “elemento-chave” (a data de entrega para a Caravela, a qualidade operacional do ônibus espacial ou o orçamento familiar para a casa).
Os outros dois elementos poderão flutuar durante a evolução do projeto com distintas proporções; podemos encontrar situações em que a antecipação de um projeto pode representar economia ou gasto extra, por exemplo.
O importante é que na menor sinalização de que o “elemento-chave” está por variar em relação ao seu planejamento original, o esforço da gestão deve ser concentrado nos demais elementos. Quanto mais clara for a proporção de “ajuste permitido”, maior será a capacidade de tomada de decisão adequada para preservar o benefício principal que se espera para um dado projeto.
Este é um assunto que será revisitado, mas gostaria de aproveitar a oportunidade desta postagem para elogiar a organização do evento do Banco Central realizado entre os dias 9 e 10 de abril:
Encontro Internacional de PMO´s
O evento contou com participações importantes como Patrick Mayfield que discutiu o Modelo Britânico de Gestão de Programas e nos brindou com os 7 problemas capitais em gestão de projetos, trazendo a ilustração a seguir que fortalece um entendimento amplo que se vem considerando no mercado em relação a uma mudança do foco na entrega para o foco no benefício.
Alonso Soler falou sobre “O PMO e a aferição de benefícios e valor dos projetos” em uma palestra muito interessante das quais observo (para manter o texto pequeno) os pontos a seguir:
- Benefícios são resultados mensuráveis
- Benefícios contribuem para o alcance dos objetivos estratégicos
- O Gerenciamento de Benefícios diz respeito ao respaldo às decisões de investimento e à otimização de sua realização
Tivemos ainda apresentações de Darci Prado, de representantes de Escritórios de Projeto de outros países (Canadá e Filipinas), o Case do Banco Central com Bruno Péres e equipe, o Case do Espírito Santo com Joseane, o Case da Embraer e um painel de debate com as participações de Marcelo Cota, Paul Dinsmore, Alonso e Darci Prado.
Vale a pena ficar ligado à programação do Banco Central do Brasil para outros eventos relacionados à gestão de projetos!
http://www.bcb.gov.br/pre/evnweb/evento.asp?evento=7150
Outras referências:
Nau Capitânia (Caravela de Cabral):
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Nau_Capit%C3%A2nia
- http://veja.abril.com.br/030500/p_044a.html
- http://veja.abril.com.br/030500/p_044.html
Ônibus Espacial Columbia