Valores Conflitantes nos Projetos
Nos dois posts anteriores (Strategic Project Leadership, Arte ou Ciência), conversamos sobre abordagens contingenciais aplicadas ao gerenciamento de projetos e os impactos da liderança como fator crítico de sucesso nos projetos. Não é novidade que as mudanças são cada vez mais rápidas, a incerteza do ambiente é maior e a complexidade dos produtos e projetos também é crescente.
Isso tudo nos leva, nas palavras do professor Paulo Vicente (FDC) a um novo conjunto de habilidades necessárias aos profissionais da atualidade:
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Analisar na Complexidade
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Decidir na Incerteza
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Implementar na Escassez
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Trabalhar em Equipe
Eu concordo veementemente com essas competências essenciais propostas pelo professor Paulo Vicente. Na verdade, existe vasta literatura apontando no sentido de desenvolver conhecimento, habilidade e atitude de execução. Não se trata de “fazejamento”, executar sem planejar. Trata-se de compreender as contingências no momento de colocar o plano em prática, seja um plano de projeto seja um planejamento estratégico organizacional, e adotar uma postura proativa e flexível com foco nos resultados.
Obviamente, não basta somente planejar, é importante priorizar e saber fazer, como prega Ram Charan, por exemplo. Esse novo cenário de projetos levou o professor Aaron Shenhar a afirmar que “se você gerenciar seus projetos seguindo fielmente um método, provavelmente você irá fracassar” (If you manage projects by the book, they will probably fail).
Além do modelo Diamante do professor Shenhar, existem outras abordagens propostas por vários pesquisadores, professores e profissionais de gerenciamento de projetos. O consenso é que necessitamos de uma tipologia de projetos, pois não é possível gerenciar projetos muito diferentes da mesma forma. Alguns PMOs e empresas criam suas próprias tipologias, em geral, baseadas no modelo diamante.
Os professores Marly Carvalho e Roque Rabechini propuseram um novo modelo chamado I4, tema de um artigo desses pesquisadores e que também foi apresentado em um dos eventos PM Special Day da revista Mundo PM.
Um trabalho interessante foi feito por Cameron, Quinn, DeGraff e Thakor (2003). Eles criaram um modelo que batizaram de Competing Values Framework.
Não se trata exatamente de um framework de gerenciamento de projetos, mas sim de uma abordagem gerencial contingencial com o objetivo de “criar valor através de propósito, práticas e pessoas”. Na verdade, o modelo Competing Values Framework é uma ferramenta de análise e predição da performance organizacional que ajuda a traçar e simular estratégias, bem como a gestão de mudança.
Por um lado, o grande desafio dos projetos é se posicionar, considerando o contexto organizacionais nas quatro dimensões principais do framework:
Por outro lado, eu acredito que outro grande desafio é transportar esse framework para dentro dos projetos, talvez um desafio maior ainda. Isto é, a orientação do projeto somente será no mesmo sentido de criação de valor para a empresa se a sua organização interna (abordagem, gestão e ferramentas do projeto – vale a pena uma analogia dom Strategic Project Leadership do Aaron Shenhar) forem adequadas.
Nesta semana (dias 28, 29 e 30), acontecerá em São Paulo o Project Management Summit 2012, evento que contará com palestras e workshops interessantíssimos, muitos deles voltados para o assunto PMO. Farhad Abdollahyan fará um workshop sobre Gerenciamento de Programas e eu farei um workshop sobre implantação de PMO.
O objetivo deste post foi apresentar o Competing Values Framework, que nos será bastante útil para os posts futuros sobre PMO e valor de negócio.
Na próxima semana, nós conversaremos aqui no blog exatamente sobre esse assunto que continua despertando grande interesse dos profissionais e das organizações: Project Management Office. Quais os benefícios? Que tipo de organização deve implementar PMO? Por que implementar ou não implementar? Como implementar? Quais as funções do PMO? E tantas outras questões… Até lá!