Como Enfrentar o Estresse nas Organizações
Na última semana, divulgamos no blog dados da pesquisa que realizamos com a coordenação do Andre Barcaui sobre o nível de estresse percebido entre gerentes de projeto no Brasil. Resultado por sinal, que indicou o que de alguma maneira já é percebido, o gerente de projetos anda estressado.
Hoje em continuação ao post da semana passada, vamos relatar um pouco das dicas feitas pelo Barcaui sobre como enfrentar o estresse em seu artigo publicado na edição Ago./Set. da revista.
De acordo com o artigo, sabe-se hoje que o estresse nas organizações pode gerar perdas relevantes nas finanças e na produtividade. Em especial quando acontece do gerente de projetos precisar se afastar por recomendações médicas.
Como uma forma de intervir positivamente neste quadro, e de enfrentar e diminuir a ocorrência de estresse são apontadas três maneiras de intervir:
- Primária: Objetiva a redução de fatores de risco ao estresse;
- Secundária: Visa alterar a maneira como os colaboradores reagem aos fatores estressores;
- Terciária: Atua na tentativa de tratamento das consequências físicas, comportamentais e emocionais da exposição aos estressores;
O artigo se fixa nos fatores primários e secundários, uma vez que os fatores terciários normalmente estão sob a responsabilidade dos setores e medicina ocupacional.
As intervenções primárias podem ser psicossociais ou sociotécnicas.
- Psicossociais: têm como objetivo a redução do estresse por meio da alteração na percepção do colaborador sobre o ambiente de trabalho, neste sentido muitas empresas realizam pesquisas com seus funcionários para perceber os principais níveis estressores identificados e possíveis reformulações no ambiente ou nos processos. Em geral o público-alvo destas pesquisas são os gerentes e executivos.
- Sociotécnicas: com foco principalmente nas condições objetivas de trabalho, podem envolver soluções como mudanças de ordem física, troca de equipamentos, flexibilizações de horário entre outros.
As intervenções secundárias, assim como as terciárias, possuem um caráter mais reativo, suas técnicas são mais voltadas para a administração do estresse e treinar o gerente de projetos a aumentar a sua resiliência, e não necessariamente em mudar as fontes estressoras propriamente.
Feitas as definições de como intervir positivamente, é válido pontuar que não é incomum empresas investirem apenas em programas relacionadas ao bem estar do ponto de vista individual, com campanhas antitabagistas ou similares, e esquecem-se de se preocupar com seu clima organizacional e seus processos. Sob esta perspectiva, é que o André Barcaui salienta em seu artigo três pontos importantes relacionados e esta transformação:
- Redesenho de Processos: Em especifico entre gerentes de projetos, alguns processos precisam estar muito claros e combinados, em uma metodologia explicita útil e prática. A implantação de um PMO em muitos casos pode catalisar esta preocupação. Outra boa prática é a fixação de metas realistas para desempenho em relação à restrição tripla, objetivos da empresa executora e cliente. Outra sugestão processual é garantir a participação do gerente do projeto desde o inicio do empreendimento, e não apenas após a venda ou na execução, isto dará maior segurança e tranquilidade para realizar seu trabalho, sem o risco de começar um projeto e de repente se ver abrindo uma “caixa de pandora”. Como uma maneira de entender melhor o que precisa ser redesenhado, o autor sugere uma análise de maturidade organizacional como um todo, abordando necessidades de capacitação, ferramental, processual, dentre outras.
- Programas Corporativos: A implantação de programas que apoiem e sejam saudáveis para os colaboradores não vai tornar o ambiente livre de estresse, e por sinal não se pode desconsiderar que o estresse também é um fator motivador, mas tornar ele menos tóxico poderá favorecer a integração, satisfação e o negócio de modo geral. Neste sentido, programas que valorizem a contribuição individual e do grupo, poderão fomentar um ambiente saudável de competição por meio da meritocracia. Ter também uma comunicação interna mais aberta, onde todos aprendem juntos e comemoram pequenas e grandes vitórias, além de políticas de maior tolerância aos erros podem ser essências para a construção de laços de confiança. Neste tópico também merece destaque, os programas voltados a melhoria da qualidade de vida, como ginástica, aula de esportes, aulas de dança, terapias e até mesmo intervenção primária, que vão a medidas como: suspensão do uso do e-mail por um dia, apagar as luzes após as 19h e até mesmo a realização de períodos sabáticos.
- Liderança por Exemplo: É o que os americanos chamam de “walk the talk”. De que adiantaria fazer e revisar pesquisas de clima organizacional se nada for feito? Ou defender valores ligados à qualidade de vida, sendo que aqueles com poder de decisão na empresa não dão o exemplo. O líder precisa dar o exemplo ao desligar a sua máquina dentro de um horário razoável e ir para casa cedo. Quando não faz ligações ou manda e-mails (a não ser em casos que não podem ser evitados) em finais de semana entre outros. Se a liderança não der o exemplo correto, sua equipe tende a o acompanhar de qualquer maneira, ou seja, seguindo o exemplo negativo, o que pode tornar o trabalho um “check-list” de atividades, e não o local onde se trabalha com prazer, e de onde de tira o sustento.
Na próxima quinta-feira traremos um pouco mais sobre como você pode enfrentar o estresse individualmente, não deixe de acompanhar.