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::: Blog MPM

Neurolíder … um novo conceito em liderança

06 09 2012

Alguma vez você pensou em alguém que pudesse lhe dizer quais seriam suas características de liderança, ou como você lidaria com as emoções e seus comportamentos resultantes, olhando seu cérebro?

Imaginou que seria possível desenvolver um líder a partir de um estudo das funções cerebrais?

Se nunca imaginou, não se preocupe, eu e muitos outros também não imaginamos. Mas vai pensando, pois isso só está no começo.

A realidade é que, a partir da Neurociência, é possível mudar e moldar hábitos, e gerar mudanças comportamentais para atingir melhores desempenhos: pessoal e profissional.

Nesta transformação, para ser um líder do futuro, a Neurociência tem uma influência fundamental. Trata-se de uma ciência relativamente nova, iniciada no final do século XIX, que realiza o estudo do desenvolvimento, química, estrutura, função e patologia do sistema nervoso (Bazzi, 2010), das suas composições moleculares e bioquímicas, e principalmente das diferentes manifestações do cérebro, através das nossas atividades intelectuais, tais como a linguagem, o reconhecimento das formas, a resolução de problemas e a planificação das ações. São, como eu chamo, radiografias de nosso pensamento em cada ação intelectual que realizamos.

O avanço tecnológico dos últimos anos permitiu novas abordagens na investigação do funcionamento do cérebro, incluindo múltiplos níveis de análise. Diversas tecnologias permitiram a possibilidade de observar o funcionamento do cérebro em diferentes situações, como por exemplo, através da tomografia computadorizada e da ressonância magnética funcional. Assim, estas investigações foram desvendando os mistérios dos mecanismos cerebrais por trás dos processos mentais, como a geração de emoções e comportamentos, a motivação, a tomada de decisão, a aprendizagem, a negociação e a resolução de problemas, entre outros (Diz, 2010).

Qual é a vantagem do conhecimento do funcionamento de nosso cérebro? Onde é possível aplicar esses conhecimentos dentro das disciplinas da gestão? Quem se beneficiará com essa informação? Se bem aplicada, sem dúvida alguma, serão os líderes que poderão utilizar-se melhor dela. Esses líderes necessitarão influenciar, conduzir pessoas, saber o que os compromete e os motiva, para conseguirem resultados através delas.

Mas, não pense que você se transformará em um super-homem, em uma personagem das galáxias ou em alguém superior e que conseguirá ler a mente das pessoas, isso ainda não chegou. Estamos a caminho disso, mas, por enquanto, vai ser com suor mesmo e, se conseguirmos aprender. Tudo dependerá da nossa capacidade em aproveitar o melhor possível a informação que a ciência fornece.

Sinto decepcionar, mas a notícia ruim é que precisamos aprender a aprender de outra forma. Este processo de mudança começa pelo próprio líder. Em função desses conhecimentos devemos treinar o cérebro para responder a estímulos externos de uma maneira diferente. É como ir à academia. Precisamos de vontade e disciplina diariamente. Percebendo os resultados positivos como conseqüência do que estamos fazendo, teremos a oportunidade de continuarmos nos exercitando para o nosso próprio bem estar. Devemos nos tornar o diretor do nosso cérebro. Dirigi-lo. Fazê-lo responder àquilo que percebemos e queremos, através da auto-observação, de forma que possamos ser melhores dia após dia (Rezende, 2011).

Quando se inicia esta combinação de ciência e liderança? Foi batizada como Neuroliderança® por David Rock em 2006, e define a combinação de princípios do funcionamento do cérebro, fruto de pesquisas neurocientíficas com as áreas de desenvolvimento de líderes, treinamento gerencial, change management, educação, consultoria e coaching, entre outras. O foco dessa pesquisa concentra-se em quatro grandes aspectos da prática da liderança:

  • tomada de decisão e solução de problemas,
  • domínio emocional, especialmente quando sob pressão,
  • colaboração e trabalho em equipe,
  • promoção da mudança positiva.

David Rock é o autor dos livros: “Quiet Leadership” e de “Your Brain at Work”. É criador da metodologia de Neurocoaching® e fundador, em 2007, do Neuroleadership Institute.

Sua teoria está baseada no entendimento do funcionamento do cérebro, que possibilita maximizar a eficácia e a eficiência das funções típicas do ato de liderar, comentadas acima.

Define eficácia, porque seus modelos ajudam a evitar a resistência, consciente ou não, por parte dos liderados, potencializando os resultados. E a eficiência, porque o uso desses modelos, que incluem técnicas para dominar as emoções, ajuda o líder a manter a sua tranquilidade e a dos outros, minimizando o esforço emocional e o gasto energético no exercício de suas funções (Diz, 2010).

O processo de mudança de comportamentos precisa de uma mudança nos mapas mentais. Por sua vez, esta mudança de mapas mentais é facilitada por meio dos momentos de insight. Estes momentos devem ser provocados por meio de perguntas que obrigarão o cérebro a pensar, ao invés de dar uma resposta automática.

         Quatro Faces do Insight ©

Quatro Faces do Insight ©

Quatro Faces do Insight ©

David Rock define que o primeiro passo para um insight é a identificação de algum tipo de problema que deve ser resolvido. Quando tomamos consciência de um dilema, nossa expressão facial parece um pouco triste e perplexa. Nossos olhos podem piscar ligeiramente, reconhecemos que temos um problema e nos sentimos paralisados. Sabemos que existe uma questão a ser resolvida, mas ainda não a analisamos mais profundamente.

Um exemplo de dilema seria: “Quero preparar uma excelente apresentação do status do projeto, mas preciso responder um e-mail complexo e urgente”.

Para a neurociência, um dilema significa ter vários mapas mentais em conflito. O cérebro precisa descobrir como resolver o conflito através da criação de um novo mapa mental, ou pela reconfiguração dos mapas existentes. E isso se consegue pensando diferente, por meio de perguntas direcionadas.

O modelo “Quatro Faces do Insight ©” é um guia para os momentos antes, durante e depois do Insight. Uma das importantes constatações realizadas por David Rock foi que: se quisermos que as pessoas mudem, elas precisam chegar a uma idéia por elas mesmas, para dar ao cérebro a melhor chance de ser energizado pela criação de um novo e amplo mapa mental. Ou seja, será preciso ajudar a pessoa a refletir mais profundamente e oferecer suporte em relação a sua habilidade de produzir novas conexões.Seguem depois a reflexão, a iluminação e a motivação. Em cada um destes passos o cérebro funciona de forma diferente, e a face acompanha cada status com uma expressão também diferente.

Para entender melhor o que significa um insight assista o vídeo de Adriana Fellipelli:

O destaque é um processo que David Rock chama de “Dança do Insight®”, que acompanha a seqüência e o ritmo dos processos naturais do cérebro das pessoas lideradas, e que representa o componente mais importante do modelo de NeuroCoaching®.

No seu livro “Quiet Leadership”, David Rock define seis passos para transformar o desempenho, utilizando um conjunto de ferramentas que permitem melhorar o pensamento das pessoas, e melhorar, significativamente, sua performance, transformando sua forma de se comunicar no trabalho.

As técnicas dos seis passos podem ser utilizadas em diferentes situações da liderança, por exemplo: para a resolução de problemas, para a tomada de decisões, para dar feedback, para construir colaboração com a equipe, para facilitar mudanças, etc.

É importante entender como a forma de liderança que dominará grandes aspectos do management das próximas décadas está mudando. A criatividade, a autonomia e a flexibilidade inundarão os ambientes de trabalho e criarão ambientes onde se permita certo grau de liberdade, para que as pessoas possam tomar suas próprias decisões. Será o modelo de liderança do futuro (Damiano, 2011).

Estas tendências têm uma razão de ser.

Estudos sobre a natureza social do cérebro trazem outra peça do quebra-cabeça. Cinco qualidades permitem tanto a funcionários como a executivos minimizarem a resposta à ameaça e, em seu lugar, facilitam a resposta à recompensa: status, segurança, autonomia, relacionamentos e justiça. São os cinco motivadores sociais criados por David Rock, modelo que chamou de SCARF, pelas siglas em inglês de status, certainty, autonomy, relatedness e fairness.

Prova disto é o Facebook, o site está constituído com base nestes cinco motivadores sociais, embora tenha sido intuitivamente. No Facebook, todos têm uma página; é algo que dá status; autonomia para publicar o que desejar; relacionamentos, pois todos pertencem à mesma tribo de Facebook; justiça, já que todos têm o mesmo direito de visibilidade, e existe certo nível de comunicação que satisfaz o circuito cerebral de que vou receber informação e sei como isso funciona (Damiano, 2011). Ou seja, que a mensagem sobre isto é clara: o cérebro é um órgão social.

Também, as novas gerações que entram em cargos de gerência têm necessidades diferentes de seus antecessores. Essas pessoas esperam mais de uma organização. Elas valorizam a liberdade e a independência. Gostam de diversidade e de mudança. Essas pessoas precisam de um tipo diferente do líder da cultura de comando e de controle. Precisam de líderes que as ajudem a brilhar, a realizar o seu potencial no trabalho. Precisam de líderes que permitam melhorar seu pensamento.

O tema vai longe… São anos de pesquisas científicas, cujos resultados começam a ser traduzidos e aplicados para as diferentes disciplinas do ambiente empresarial. É preciso aprender a aproveitar melhor a potencialidade do ser humano, no desenvolvimento de habilidades e na geração de mudanças comportamentais, que afetarão significativamente como as empresas e a sociedade funcionam atualmente. Tudo será magnificamente surpreendente.

Assista ao vídeo de David Rock, para conhecer mais sobre este tema:

Conclusões

Como fala o livro de David Rock, precisamos aprender a ajudar as pessoas a pensar melhor, e não dizendo o que elas devem fazer.

Apesar de um emprego normalmente ser considerado mera transação econômica, o cérebro vivencia o local de trabalho como um sistema social, portanto, a capacidade de conduzir o cérebro social dos funcionários intencionalmente para atingir um desempenho otimizado, se tornará uma capacidade de liderança diferenciada nos próximos anos.

“As pessoas não precisam ser gerenciadas, elas precisam ser liberadas.” Richard Florida, 2002.

O que você está fazendo para ser um Neurolíder?

Quebre paradigmas

e prepare-se para o futuro.

Neurocoaching® e Neuroliderança® são marcas registradas da RCS Brasil.

::: Autor do post