Menu
Esqueceu a senha? Fazer cadastro

::: Blog MPM

Certificação PMI-SP (Scheduling Professional)

29 01 2014

Obtenção da certificação PMI-SP (Scheduling Professional)

Depoimento do nosso leitor Carlos Halrik, PMP, PMI-SP

Obtive a credencial PMI-SP em dezembro de 2013, e gostaria de dividir com vocês a experiência de ter passado por este processo, tecer alguns comentários sobre essa e outras certificações e obter um retorno de vocês sobre algumas percepções.

1. Sobre a certificação (PMI-SP)

A certificação, segundo o PMI, reconhece a expertise e competência do profissional para desenvolver e manter cronogramas dos projetos, enquanto ainda possui habilidades e conhecimento em todas as áreas de gerenciamento de projetos.

Os requisitos exigidos pelo PMI para que o candidato se habilite à certificação PMI-SP são:

? Um curso de quatro anos (bacharelado ou o equivalente global);

? Pelo menos 3.500 horas de experiência de gerenciamento de cronograma de projetos;

? 30 horas de educação em gerenciamento de cronograma do projeto.

OU

? Um diploma de ensino médio (ou equivalente global);

? Pelo menos 5.000 horas de experiência de gerenciamento de cronograma de projetos;

? 40 horas de educação em gerenciamento de cronograma do projeto.

Segundo o PMI, quem deve se candidatar a essa credencial são membros de times de projetos responsáveis por criar, monitorar e atualizar cronogramas, incluindo então o gerente de projetos, se ele for o responsável por este gerenciamento.

Para obter a certificação, o candidato não precisa ser obrigatoriamente membro do PMI, tampouco possuir outra certificação. (Não obrigatoriamente, porém é muito desejável que isso ocorra, como vamos ver mais adiante).

2. Sobre o processo de obtenção

O processo de obtenção da certificação PMI-SP é similar aos das demais credenciais do PMI. Abaixo, consta uma linha do tempo dos meus marcos nesta certificação, que servirá para explicar o roteiro:

sp1

O processo se inicia com a aplicação do candidato no site do PMI internacional, onde ele irá apontar suas experiências e treinamentos que são pré-requisitos para a certificação. Quem já tem uma certificação do PMI sabe que este é um processo criterioso, e para alguns um pouco chato, mas não tem jeito, você não irá fugir dele.

Para facilitar minha vida, elaborei uma planilha em 2010, quando estava requerendo a certificação PMP, onde eu pude estruturar toda minha informação. Agora em 2013, para a certificação PMI-SP, eu busquei melhorar o documento, e me ajudou bastante.

A ideia é estruturar as informações relativas a: (i) listagem de projetos trabalhados; (ii) quantitativos de horas trabalhadas e em quais meses; (iii) informações sobre as empresas contratantes; (iv) dados dos diretores e sponsor; (v) divisão das horas segundo os quesitos específicos do PMI; e (vi) descrição em inglês dos projetos e tarefas realizadas.

A planilha modelo, para quem se interessar, pode ser acessada no link a seguir:

APONTAMENTO HORAS CERTIFICAÇÃO PMI

Feito o apontamento das horas, ou seja, a aplicação para a certificação, o PMI irá verificar as informações e lhe informar sobre o aceite ou não. Neste processo você poderá cair em uma auditoria do PMI, que é aleatória. No meu caso não tive auditoria nem no processo para o PMP nem para o PMI-SP.

O PMI aprovando sua aplicação, você deverá realizar o pagamento (que no caso do PMI-SP foi de $520 para membros), e posteriormente agendar seu exame. Você terá um ano a partir do pagamento para realizar a prova.

Eu decidi agendar meu exame para dezembro, que foi o mesmo mês que tirei a certificação PMP, três anos antes. Não sou supersticioso, mas funcionou! (rs)

Cabe ressaltar um detalhe, meu resultado não foi emitido ao final do exame. Isso ocorreu em função da alteração do PMBOK para a 5ª Edição. Nestes casos, por um certo tempo, o PMI solicita um período onde os resultados para algumas certificações não são emitidos no momento da prova, o que não é o caso da PMP.

3. Os estudos e o exame

Se vocês notaram bem, meu período de estudos foi muito curto. Cerca de duas semanas. E por isso vale destacar aqui a importância da experiência profissional para este tipo de certificação.

Os exames do PMI buscam obter do candidato percepções sobre situações reais de projetos, e como eles agiriam. Como coordenador do PMO dos projetos socioambientais da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, eu tive a oportunidade de atuar junto a diversas empresas e profissionais na elaboração, monitoramento e controle de mais de 120 cronogramas, que resultaram em mais de 22 mil linhas. Isso me obrigou a pesquisar e encontrar soluções para as questões do dia a dia, que em muitos casos eram focadas em tempo, que por sua vez é uma restrição latente no licenciamento ambiental nacional.

Além disso, atuei como instrutor em preparatórios da certificação PMP, inclusive na disciplina de tempo, o que também contribuiu bastante.

Mesmo assim, o processo de estudo para a certificação PMI-SP foi muito importante. Primeiro porque a prova é realizada em inglês, e eu precisava me adaptar aos principais termos técnicos. E segundo, por que encontrei várias situações e técnicas que ainda não conhecia. Eu acredito que tive um salto de qualidade profissional no meu processo de certificação PMP, e outro agora no estudo para a certificação PMI-SP. Só este já é um motivo considerável para eu recomendar fortemente as certificações.

Basicamente, li duas vezes o Practice Standard for Scheduling, Second Edition, que é o standard do PMI que trata de tempo, e é muito importante para entender melhor as técnicas de gerenciamento de cronograma e consolidar conceitos em inglês.

Além disso, foram mais duas leituras da parte de tempo do PMBOK 5ª Edição, e do Livro da Rita, que eu só possuía o referente a 4º Edição do PMBOK. Li uma vez também (mais superficialmente) o Practice Standard for Earned Value Management—Second Edition, que também foi importante, já que há muitas questões de valor agregado na prova.

Achei válido também ler a parte de stakeholders do PMBOK e a de recursos humanos. Além de dar mais uma checada no fluxo de processos completo do PMBOK 5ª Edição.

Como reduzi muito minhas atividades de trabalho neste curto período para me dedicar aos estudos, demorei uns 5 dias para ler todo o material.

Dessa leitura eu retirei uma folha que preenchia mentalmente, para ser descarregada nos 15 minutos de tutorial com o lápis e folhas que nos são fornecidos (o chamado braindump).

Então, nos 5 dias posteriores (repito que tinha uma disponibilidade muito grande nestes dias), realizei uma série de exercícios, utilizando o curso online contratado da uCertify (http://www.ucertify.com/). Eles oferecem cursos em inglês para diversas certificações, dentre elas:

Certified Associate in Project Management (PMI-CAPM)

PMI Scheduling Professional (PMI-SP)

PMI Risk Management Professional (PMI-RMP)

Project Management Professional (PMP)

Program Management Professional (PgMP)

A cada ciclo de exercícios eu descarregava a folha para fixar a memória, e claro a fui aprimorando com base nos testes realizados.

Sob meu ponto de vista os exercícios são fundamentais. Neles você consegue se acostumar com a prova em inglês e com o formato que o PMI irá lhe questionar. Vale, no entanto, pontuar que o uCertify traz as questões conforme o PMBOK 4ª Edição, e a prova será realizada conforme a 5ª Edição, porém não considerei muito prejudicial.

Em geral a prova se parece com os simulados. Porém, acredito que a prova seja mais situacional, o que requer mais experiência em gerenciamento de projetos e nas demais áreas de conhecimento do PMBOK.

Enfim, é muito recomendável que você já seja PMP, irá facilitar muito sua vida na hora do exame. Faça muitos exercícios, principalmente de cálculo de redes de cronograma e valor agregado, e confie na sua experiência em projetos reais, ela irá te ajudar bastante.

4. Percepções sobre essa e outras certificações

Durante o processo de certificação, e posteriormente à obtenção da credencial, me peguei pensando sobre como os profissionais, mercado e empresas percebem essas certificações além da PMP, mais especificamente as PMI-SP e PMI-RMP, já que são as mais específicas do PMI, tendo em vista que todas as outras são abrangentes e não tratam de áreas de conhecimento tão restritas como risco e tempo.

Meu primeiro questionamento foi: (1) Por que tão poucos se interessam pela certificação PMI-SP?

Não pude deixar de me perguntar também: (2) Por que existem tantos mais profissionais se certificando em riscos em relação a scheduling? (Quando me fiz a pergunta isso era só uma impressão).

E por fim, claro, como certificado, eu precisaria ter mais clareza de: (3) Como as empresas e mercado absorvem essas certificações?

Não tenho respostas prontas para nenhum dos três questionamentos, mas levantei hipóteses (apenas hipóteses), e investiguei alguns dados publicados pelo nosso amigo Mauro Sotille, em seu blog pmtech, sobre o número de certificados no Brasil e no Mundo.

Busquei estruturar os dados retirados do blog nos dois gráficos a seguir, para visualizar melhor essa relação entre certificados em PMP, PMI-SP e PMI-RMP.

sp2

sp3

Então vamos lá. Tratando de meu primeiro questionamento (1) Por que tão poucos se interessam pela certificação PMI-SP?

Uma das teorias que desenvolvi, que poderia explicar por que a certificação em scheduling não é tão procurada no Brasil, seria nossa grande dificuldade de gerenciar o tempo nos projetos nacionais (principalmente em projetos de infraestrutura que envolvem o Poder Público). Sabemos da alta influência, muitas vezes negativas, dos stakeholders nos projetos e da dificuldade de gerenciar o escopo e comunicação, o que leva a incidência demasiada de mudanças, e que poderia impactar de tal forma os cronogramas que muitas vezes os mesmos não seriam gerenciados com tanto rigor. Ou seja, “este negócio vai atrasar mesmo, por diversos fatores políticos, que não vale a pena investirmos tanto no gerenciamento do tempo”.

Outra situação seria o fato de alguns acharem o gerenciamento de tempo simples demais, ou seja, “faz lá um cronograma no MS-Project e está tudo certo”. Ou o contrário, um cronograma muito bem feito, obedecendo as melhores práticas seria tão complexo que não valia a pena o esforço gerencial.

Por fim, achava que pelo fato da prova ser em inglês, em alguns casos poderia desencorajar os profissionais.

Mas observando os gráficos acima, percebi que não estamos tão ruim assim em comparação a países reconhecidos como de maior maturidade em gerenciamento. Apesar do número absoluto bem abaixo dos EUA por exemplo, podemos perceber que no mundo para cada certificado PMP-SP temos 572 PMPs, e nos EUA essa relação sobe para 695 PMPs. Já no Brasil a relação é de um PMI-SP para 399 PMPs, o que significa uma relação melhor do que na média mundial, EUA e Canadá. O problema pode ser que ainda temos poucos PMPs.

Um dado que me chamou muita atenção, já vinculado a próxima questão, é que temos no Brasil um RMP para cada 105 PMPs, relação que na média mundial é de um para 237!

Ou seja, pelo menos a hipótese do idioma pode ser derrubada, já que o exame para o PMI-RMP também é realizada em inglês.

Pensando então na segunda questão: (2) Por que existem tantos mais profissionais se certificando em riscos em relação a scheduling?

Essa era uma impressão minha, participando dos congressos por ai. Sempre foi mais fácil encontrar certificados em risco que em scheduling. Analisando os dados dos gráficos isso se confirmou. E mais, foi possível perceber que no Brasil a relação RMP/SP é maior ainda.

Ou seja, na média mundial, a relação é de 2,4 PMI-RMP para cada PMI-SP, já no Brasil a relação é de 3,8. Tínhamos em Nov/13: 145 RMP e 38 SP.

Entendo que gerenciar riscos é muito importante, interessante, e brilha os olhos de muitas organizações. Mas acredito que o gerenciamento do tempo também é uma lacuna no Brasil, e necessitaria de maior atenção por parte de nossos stakeholders e gerentes, e por isso não consigo encontrar motivos para essa discrepância. Aceito hipóteses!

E minha última questão: (3) Como as empresas e mercado absorvem essas certificações?

Vou confessar que alguns líderes de organizações me incentivaram muito mais a me certificar em riscos do que em scheduling. Alguns poucos se empolgaram com a certificação em tempo. (Minha certificação em SP primeiro foi intencional!)

Tenho muita clareza que para atuar como instrutor/professor as certificações são muito valorizadas, e que a comunidade de GP também reconhece, porém ainda tive poucos sinais que as organizações busquem um PMI-SP. Conheço o poder que a certificação PMP possui no mercado, mas não verifico ainda tamanho diferencial para um profissional que possui a certificação PMI-SP. Isso pode ocorrer por falta de conhecimento por parte das organizações ou mesmo pelos motivos postos na primeira questão.

Fato é que nós, profissionais de gerenciamento e conhecedores da importância da qualificação dos gerentes e membros de equipes de projetos temos a missão de divulgar as vantagens dessas certificações tanto para os colaboradores quanto para os projetos. Eu faço parte dessa batalha!

Reforço que essas são apenas percepções, e gostaria de obter retorno de vocês sobre as hipóteses!

Referências:

Michalick, Ivo. Relato da minha experiência para conseguir a certificação PMI-SP. Acessado em 17/01/2014, disponível em: <http://ivomichalick.blogspot.com.br/2011/12/relato-da-minha-experiencia-para.html>

PMTECH, Blog. Quantos possuem uma credencial do PMI? E no Brasil? Acessado em 17/01/2014, disponível em: <http://blog.pmtech.com.br/dados-estatisticos/>

PMI. PMI-SP® – Profissional em Gerenciamento de Cronograma. Acessado em 17/01/2014, disponível em: < http://brasil.pmi.org/brazil/CertificationsAndCredentials/PMI-SP.aspx>

PROJETO, Gerente de. PMI-SP Scheduling Professional Acessado em 17/01/2014, disponível em: <http://gerentedeprojeto.net.br/?p=183>


Carlos Halrik, PMP, PMI-SP

carlos@leweprojetos.com.br

Project Management Professional – PMP, PMI Scheduling Professional – PMI-SP, engenheiro Ambiental pela Universidade FUMEC, Especializado em Gestão Ambiental Empresarial (IETEC) e Gerenciamento Estratégico de Projetos (FUMEC). Atua como consultor desde junho de 2006 em projetos de licenciamento ambiental de empreendimentos de infraestrutura. Implantou e coordenou o Escritório de Projetos (PMO) do Plano de Gestão Ambiental da implantação da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no rio Xingu no estado do Pará. Proprietário da Lewe Projetos, empresa que oferece serviços inovadores e customizados de gerenciamento para projetos socioambientais. Assumiu em janeiro de 2012 a função de Diretor de Eventos no PMI-DF, instituição internacional de gerenciamento de projetos, onde gerenciou o evento anual de GP do Distrito Federal em 2012.

::: Autor do post